Se considerarmos que os valores e a personalidade de uma pessoa são formados a partir da sua infância e que esta é predominantemente advinda da relação com seus familiares, podemos dizer que os pais têm uma grande contribuição na vida profissional de seus filhos.

Se desde a infância, os pais ou aqueles que assim fizerem este papel de cuidadores da criança estimularem atitudes positivas nesta, não é uma condicionante, mas é possível que elas venham a se tornar profissionais mais bem-sucedidos.

Se a criança for estimulada desde cedo a participar de atividades onde a cooperação predomine e que ela tenha espaço para se expressar, tomar iniciativa, experimentar coisas novas, ousar sem receios de ser punida, é bem possível que se torne um profissional mais seguro, sem medo de inovar, de se posicionar, de se lançar em busca daquilo que almeja.

Cabe aos pais, desde cedo, estimular para que o seu filho seja mais autônomo, seguro de seu potencial e que se aproprie do seu próprio desejo. É importante que deixe espaço para que ele possa começar a ter responsabilidades desde pequeno, que ele aprenda que para acertar vai errar também, e que para ter sucesso é possível que algum fracasso também ocorra. Para isso, em cada fase da vida, há de se ofertar estímulos para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Na infância, é fundamental o fortalecimento dos laços afetivos familiares, com muito diálogo, transmissão dos valores familiares e exemplos das gerações antecessoras. É também relevante que seja inserido o limite, que os desejos não sejam todos atendidos, e que eles percebam desde cedo que a vida deve ser conquistada, que demanda um certo esforço e que seus pais estarão por perto, mas que algumas coisas são de responsabilidade do próprio sujeito.

Na adolescência, estimular a prática de atividades cooperativas, ações sociais, religiosas e de voluntariado são importantes para se estabelecer laços com o mundo exterior à sua família. Desta forma, o jovem aprende a ser menos individualista, a olhar o outro, a contribuir para um universo maior.

Se então, considerando tais fatores, os pais se preocuparem em ofertar diversos estímulos que proporcionem o fortalecimento do sujeito, é possível que ele consiga se estabelecer bem profissionalmente.

Podemos listar como exemplo destes estímulos: leituras diversificadas, passeios a museus, teatros, esportes coletivos, participação em projetos sociais, em igrejas e ONGs e intercâmbios culturais. Estes são bons exemplos de atividades que podem ser apresentadas pelos pais com objetivo de estimular o desenvolvimento de seus filhos.

Podemos destacar também que, algumas pessoas, pelas dificuldades que a vida lhes trouxe, pode ter desenvolvido tais habilidades pela própria necessidade de sobrevivência. Desta forma, a autonomia, a capacidade de se relacionar, de ser proativo e de buscar alternativas para a sua vida podem também contribuir para que ele se torne bem-sucedido na sua profissão, dado todo o seu esforço e dedicação para vencer as duras etapas da sua vida.

Outro fator bem relevante na construção da vida profissional do sujeito, é a forma com que ele desde a infância se relacionou com carreira de seus pais. A forma com que estes pais lidam com a sua própria vida profissional é transmitida para seus filhos, mesmo que estes não se deem conta disso.

É muito recorrente ouvir as histórias dos adultos, referenciando as suas escolhas profissionais em função de uma grande admiração por alguma da que seus pais declaravam interesse ou pela profissão exercida pelos próprios pais com muita paixão. O inverso também é verdadeiro, ou seja, caso estes pais tenham demonstrado um grande descontentamento por sua profissão, isso também será transmitido para as próximas gerações e não é sem consequências.

Se o trabalho for visto pelos pais como um peso e não como uma fonte de realização e reconhecimento, é possível que a relação deste filho com a sua profissão, não seja construída com tanta facilidade. Para que ele consiga mudar a sua negativa percepção quanto ao trabalho, precisará ter a oportunidade, ou a sorte, de ter uma boa experiência e uma boa referência profissional.

Com uma experiência positiva com o trabalho, este sujeito terá a prova de que a sua relação com o trabalho poderá ser bem diferente da que seus pais tiveram, a qual ele conviveu e foi influenciado.

O sucesso e a realização profissional se dão, então, em função de diversos fatores, mas certamente os pais tem uma grande influência na vida da criança.

Danielle Quintanilha Merhi
Psicanalista, especialista em carreira e sucessão familiar

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