Reuniões, informações na família e governança corporativa criam um ambiente de diálogo e participação com impactos positivos ao negócio
Para uma empresa familiar ser duradoura, é imperativo haver um elevado grau de diálogo e confiança entre seus membros. Se as relações familiares são de confiança e respeitosas, se priorizam o diálogo, respeitam as diferenças e acolhem opiniões divergentes, isso deve também ocorrer nos assuntos relacionados ao negócio. Caso, entretanto, as relações sejam conflituosas e repletas de desconfiança, é bem provável que a empresa da família seja também arduamente impactada.
Uma boa prática para as famílias empresárias é instituir uma agenda periódica para o diálogo. As reuniões não precisam ser muito formais e podem abordar assuntos diversos, mas o principal item de pauta deve ser aquilo que venha gerar dúvida e desconforto e que precisa de esclarecimento para manter sólido o núcleo familiar.
Neste caso, os assuntos surgem conforme a demanda de cada um, e o compromisso deve ser a discussão respeitosa e aberta à exposição dos pontos de vista de cada um até chegar-se a um consenso. O consenso é fundamental e muito diferente de acordos e de votação. Aqui, não cabe a maioria, mas sim o diálogo para se chegar a um ponto em comum. Cabe flexibilizar, entender o ponto de vista do outro e ver o que é melhor para a empresa e a família. Na análise feita, deve-se pensar nos desdobramentos e nos impactos da decisão tanto nos aspectos familiares quanto no negócio.
A forma como a família convive, o quanto ela é participativa e o quanto utiliza o diálogo influenciam diretamente no interesse dos filhos pelo negócio, já que quanto mais informações eles têm sobre a empresa, mais possibilidades de aproximação. Quando a família não pratica o diálogo, as informações não fluem gerando, assim, o desinteresse e o distanciamento dos negócios.
Quando o diálogo está difícil ou não é praticado pela família, é importante buscar a ajuda de um mediador ou de instituições especializadas. A profissionalização e a governança corporativa também contribuem para o fortalecimento do negócio. Na estrutura de governança corporativa, recomenda-se criar um órgão específico para este fim: o Conselho de Família, composto por representantes de todos os núcleos familiares e das diversas gerações. Cabe a ele proporcionar um espaço de diálogo para assuntos relacionados ao negócio, que podem ser impactados pela família.