Lidar com os conflitos familiares é um dos grandes desafios para as empresas desse segmento. Quando não tratados corretamente, eles podem arruinar os negócios e deixar herdeiros na penúria.
DQ_Ilustra_Cap06As empresas familiares predominam na economia de diversos países. No Brasil, elas têm uma fatia de 95% na totalidade dos empreendimentos instalados. Nos Estados Unidos, são 96%. Na Itália, 99%. Na Espanha, México, Suíça e Canadá, o percentual vai de 80 a 90%*. Apesar dessa expressão, os laços entre família e negócio são um desafio constante para a saúde dos empreendimentos devido à carga afetiva e emocional nas relações de parentesco.

O sucesso e a sustentabilidade dessas empresas envolvem questões subjetivas e difíceis de serem abordadas, tais como a coesão familiar, o equilíbrio nas relações entre a família e os negócios e os conflitos de interesses, principalmente, em períodos de sucessão. Há vários exemplos de empresas familiares rentáveis e bem-sucedidas arruinadas pelas divergências na família, deixando herdeiros em situações econômicas precárias e os laços afetivos abalados, impactando as relações familiares.

O conflito faz parte da condição humana e, por isso, não pode ser evitado. Um erro comum é tentar escondê-lo e evitar conversar sobre as suas causas. Quanto mais abafada, mais a situação tende a se agravar. É preciso diagnosticar e tratar a situação crítica com naturalidade, compartilhando as insatisfações, pensando em conjunto nas possíveis soluções, restabelecendo a harmonia e a coesão familiar. As famílias que dialogam abertamente sobre os seus problemas superam mais facilmente as desavenças do que aquelas que fogem do assunto.

Numa família empresária, quando o conflito está deflagrado, é recomendável a ajuda de uma equipe multidisciplinar, para minimizar os danos à família e ao negócio. Um psicólogo especialista no tema e também um advogado da área de organização societária poderão orientar, ouvindo cada membro da família, identificando os motivos e as perspectivas de recuperação da coesão e alinhamento de objetivos.
O melhor mesmo a fazer é a prevenção, estimulando no âmbito familiar as ações que promovam a coesão e a gestão de conflitos, atentando-se ao convívio entre as gerações, às suas diferenças e aos seus pontos em comum, e promovendo a aproximação entre os familiares, em especial entre os irmãos e primos, que futuramente serão sócios que não se escolheram e que terão que se relacionar ativamente. Para ajudar nessas ações, uma boa alternativa é criar um Conselho de Família, dando mais transparência, equilíbrio nas relações e suporte nas decisões que impactam nos negócios.

 

*Fonte: Tondo, 1999; Gersick, K. ;Davis, J.; Hampton, M e Lansberg, I, 1997

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