Na empresa familiar, as relações pessoais e profissionais estão intimamente ligadas. A forma com que os membros da família se relacionam será possivelmente reproduzida no ambiente organizacional. Por mais que exista um discurso de profissionalismo, de separação entre a família e o negócio, se a relação não tiver como base a confiança, provavelmente haverá uma confusão de sentimentos e a empresa poderá ser impactada.

Se as relações familiares são de confiança, respeitosas, priorizam o diálogo, aceitam as diferenças e acolhem opiniões divergentes, possivelmente isso também ocorrerá nos assuntos relacionados ao negócio. Caso, entretanto, tais relações sejam muito conflituosas, desrespeitosas e repletas de desconfiança, é bem provável que as relações nos negócios também sejam.

Em uma empresa familiar, em que o objetivo é a continuidade e o crescimento do negócio através das gerações, há que se investir na construção de relações de confiança, e para isso o diálogo é um bom aliado para prevenir e tratar questões incômodas, que podem gerar desconfiança e mal-estar. Há que se ter muita transparência quanto às intenções, às expectativas e às ações implementadas no negócio.

A falta de esclarecimento sobre as intenções de uma ação, ou até mesmo de um comentário, pode ser desastrosa, gerando mal-entendidos e, em situações extremas, até mesmo rompimentos. Ter um espaço para a fala, em que cada um possa expor com clareza o seu posicionamento, cria um clima de transparência nas relações e propicia que a confiança se estabeleça entre as partes.

Os membros familiares necessitam manter uma relação de união em torno dos propósitos, valores e objetivos do negócio familiar. Relações de confiança frágeis ou parciais tornam a convivência sujeita ao rompimento a qualquer momento e comprometem o futuro da empresa. Se os membros da família mantiverem um forte sentimento de confiança mútua, estarão mais dispostos a superar os desafios e a se comprometer efetivamente com o resultado do empreendimento, e esse é, indubitavelmente, o primeiro determinante para a longevidade e o sucesso da empresa familiar ao longo de gerações.

Adriano Salvi
Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Governança Corporativa

Danielle Quintanilha Merhi
Psicanalista, especialista em empresas familiares, professora convidada da Fundação Dom Cabral e sócia da Vix Partners Governança Corporativa

 

NOTAS

IBGC realiza o 5o Encontro de Conselheiros

O sócio da Vix Partners Governança Corporativa, Adriano Salvi, participa do 5o Encontro de Conselheiros, promovido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em 8 de maio, no Hilton São Paulo. Na pauta, competências e comportamentos dos conselheiros, processos e composição de conselhos de administração e como esses fatores contribuem com a eficácia desses órgãos. Salvi é conselheiro certificado pelo IBGC e ocupa assentos nos conselhos de administração da OGPar e da capixaba Apex Partners.

 

Empresas familiares são mais inovadoras

Um estudo realizado em 42 países e publicado pela Harvard Business Review mostrou que as empresas familiares, apesar de investirem menos em inovação, registram um grau de inovação maior. Para cada dólar empregado em P&D, elas alcançam mais resultados na produção, medidos pelo número de patentes, novos produtos ou receitas geradas com novos produtos. Isso ocorre, conclui o estudo, porque os negócios familiares fazem o aporte de capital de forma mais prudente e eficaz. A assertividade é também maior pelo profundo conhecimento de seus públicos e da empresa devido à longa relação com o negócio.

A base para resolução de conflitos

As empresas familiares têm muitos conflitos, principalmente quando se trata de sucessão. Por isso, o diálogo deve ser o ponto de partida para novos caminhos e soluções que possam trazer benefícios para todos. Essa conversa continua entre os membros da família e da empresa deve ser alicerçada na ética, no respeito e no amor que precisam permear as empresas familiares para que os negócios sejam perenizados através das gerações. A dica está no livro “Famílias Empresárias… Vamos dialogar?”, lançado pela psicanalista e consultora Danielle Quintanilha Merhi e editado pela Qualitymark.

 

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