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Nos negócios é cada vez mais difundida a importância das boas práticas de governança corporativa como meio de garantir a sustentabilidade das empresas, através da proteção dos seus ativos, de sua imagem e da relação com seus stakeholders. As empresas familiares, contudo, estão sujeitas a outros desafios além desses, igualmente impactantes, na busca da longevidade. Enquanto a governança corporativa atua na empresa, promovendo o controle e a estabilidade, a governança familiar é um conjunto de acordos, políticas e estruturas que visam a dar estabilidade à família empresária.

Um bom sistema de governança familiar começa com o protocolo da família, um acordo firmado entre os familiares destinado a regrar situações como sucessão patrimonial, desenvolvimento das próximas gerações e gestão das relações e dos conflitos entre familiares. O protocolo familiar deve basear-se na cultura e nos valores da família e considerar não só onde a família está no momento da sua elaboração, mas também quais objetivos ela pretende alcançar.

Uma estrutura fundamental de governança familiar é o conselho de família, um fórum de diálogo e decisões sobre as expectativas e condutas dos familiares. Cabe ao conselho zelar pelas histórias e pelos valores familiares, incentivar a integração e a união familiar, definir os limites entre os interesses da família e da empresa, apoiar o desenvolvimento e a educação dos membros da família e estabelecer as diretrizes para a proteção patrimonial.

Um terceiro elemento é o family office, uma estrutura de apoio destinada desde a prestar serviços gerais até a gerir o patrimônio da família, objetivando a sua proteção e o seu crescimento. Em seu formato mais simples, o family office funciona como uma espécie de concierge da família, cuidando de serviços pessoais, como o agendamento de viagens, a supervisão de afazeres domésticos e de serviços profissionais, e a assessoria na declaração de imposto de renda. Pode ser mais abrangente, incluindo a administração dos ativos financeiros e imobiliários da família, funcionando muitas vezes como um verdadeiro fundo de investimentos.

Implantar um bom sistema de governança familiar não é rápido nem fácil, mas o quanto antes a família empresária iniciar esse processo terá melhores condições de enfrentar o desafio da longevidade.

Adriano Salvi
Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Governança Corporativa

Danielle Quintanilha Merhi
Psicanalista, especialista em empresas familiares, professora convidada da Fundação Dom Cabral e sócia da Vix Partners Governança Corporativa

 

NOTAS

Empresas familiares se preocupam mais com crédito e política
A auditoria KPMG divulgou um estudo apontando que, em 2016, as empresas familiares passaram a se preocupar mais com a obtenção de crédito e a incerteza política e econômica do Brasil. Os dados mostram que o percentual de negócios familiares que tiveram dificuldade no acesso ao crédito passou de 37%, em 2015, para 43% no último ano. Já a preocupação com a situação política e econômica subiu de 58% para 66% de um ano para outro.

 

IBGC realizada congresso anual em São Paulo
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) realiza, nos dias 2 e 3 de outubro, no WTC Golden Hall, em São Paulo, a décima oitava edição de seu congresso anual. Com mais de 30 palestrantes e 600 congressistas, o evento terá como tema central “Governança consciente: quando as regras não bastam”. Em debate, novas tecnologias e impactos nos modelos de negócio na governança e combate à corrupção, a programação ainda terá sessões sobre os dilemas das empresas familiares e a governança em empresas centenárias.

 

Grupo de Estudos sobre Governança
Os sócios da Vix Partners, Adriano Salvi e Danielle Quintanilha, estão ministrando o Grupo de Estudos Aplicados ao Trabalho (Great) organizado pela Associação Brasileira de Recursos Humanos – Espírito Santo (ABRH-ES). Com quatro encontros durante o mês de setembro, em Vitória, o grupo está discutindo a temática “Governança Corporativa: o que o RH tem a ver com isso?” por meio de debates conduzidos pelos especialistas e aplicados à realidade das organizações. Entre os assuntos abordados estão boas práticas e fundamentos da Governança, conselho de administração, cultura organizacional, monitoramento de clima e processo sucessório.

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