Com tantas transformações, compreender o que motiva as pessoas diariamente a trabalhar numa empresa tem sido o grande desafio para as organizações.

O mundo do trabalho vem passando por grandes transformações nos últimos anos. Impulsionadas pela revolução das tecnologias da Informação, surgiram novas formas de organização e novas relações entre as pessoas. Além de afetar as estruturas organizacionais, este cenário também impacta no sentido do trabalho, ou seja, o que motiva as pessoas diariamente a trabalhar numa empresa.

Compreender esta questão tem sido o grande desafio para as organizações. Reconhece-se que o trabalho continua tendo um espaço de destaque, já que ele representa a sobrevivência. Porém, diferente do passado, quando a motivação era apenas ter o salário no final do mês, o sentido do trabalho na era atual tornou-se mais complexo e agregou valores intangíveis.

O ser humano ficou mais exigente, mais conectado e mais bem informado a partir do advento das novas tecnologias de informação e comunicação, elevando os níveis de conhecimento, de expressão e de participação. Surgiram novos hábitos e expectativas profissionais e pessoais. Contraditoriamente, esta é uma era em que o trabalho está cada vez mais dependente do ser humano, já que ele é o grande diferencial de uma empresa numa época em que os processos e equipamentos são praticamente iguais.

Porém, conquistar e manter este novo homem no mundo do trabalho não é tarefa fácil. Pesquisadores e gestores vêm se debruçando sobre o assunto, reconhecendo a importância de se traçar as características que o trabalho deve apresentar para aqueles que o realizam, satisfazendo o seu conjunto de desejos e gerando por eles mesmos o comprometimento organizacional.

O fator remuneração, que antes era o principal motivo de retenção e atração de mão de obra, hoje virou uma regra básica e obrigatória para qualquer empresa, não servindo como motivação. O profissional busca um propósito na sua função, identificando-se com ela e, ao mesmo tempo, enxergando nela uma contribuição para a sociedade. O trabalho deve, sobretudo, estar vinculado às consequências sociais, fazendo com que a pessoa tenha prazer e sinta a importância do que faz.

A valorização e o reconhecimento do funcionário como alguém que faz a diferença na empresa também estão nestas novas expectativas profissionais, que agregam ainda a qualidade da liderança e do ambiente organizacional. Além de oportunizar o desenvolvimento e a aprendizagem constantes, a empresa tem que cultivar um ambiente aberto, participativo e transparente.

As antigas relações hierárquicas verticalizadas, em que um chefe mandava e os subordinados obedeciam, já não têm espaço. As relações ficaram mais horizontais no ambiente empresarial. Ao invés do trabalho individual, as atividades profissionais são mais colaborativas e com atuação em rede.

O exercício da liderança a partir do poder deu lugar à liderança pelo saber, sendo imprescindível ter capacidade para o diálogo, a negociação e a cooperação. Os líderes ficaram mais próximos de suas bases, mantendo-se abertos às opiniões e dispostos a aceitar os chamados erros honestos, ou seja, aqueles que resultam da tentativa de se fazer algo diferente.

Diferente, esta é outra palavra-chave para dar sentido ao trabalho. A repetição, a reprodução e a mesmice são páginas viradas. A variedade, a novidade, o imprevisível e os desafios diferentes são mais atraentes e motivadores para os profissionais desta era, substituindo o trabalho muito especializado e repetitivo.

A tendência é de renovação. As organizações precisam estar cada vez mais preparadas para quebrar paradigmas e lidar com o elemento humano em toda a sua subjetividade, adotando modelos administrativos que buscam envolver e desenvolver relações mais afetivas com as pessoas. Elas são o grande valor e o principal agente das grandes e inesgotáveis transformações.

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