A coesão na empresa familiar é representada pelo sonho em comum, através da visão que todos os membros almejam alcançar no futuro, e, para isso, colaboram e comprometem-se para que compareça a motivação necessária para seguir adiante com bastante vitalidade e estímulo. Caso não tenham um sonho a ser compartilhado e estejam navegando à deriva, apenas sobrevivendo a cada dia, na dura jornada de trabalho, é possível que essa empresa não se sustente por muito tempo.

O sonho em comum e estimulante é o que trará entusiasmo para os membros da família. Conseguir que o entusiasmo não desapareça é fazer com que cada membro da família empresária sinta-se parte de um time coeso, que vê sentido naquilo que está fazendo, seja participando como acionista, como herdeiro ou como executivo.

Quando o foco é a continuidade da empresa, tendo como base a coesão do grupo familiar, é necessário estabelecer objetivos em comum, traduzidos pelo sonho partilhado entre as gerações. É essencial focar no objetivo em comum, entretanto, buscar um equilíbrio entre os elementos de expressão individual e a identificação dos interesses do negócio. É importante envolver as diversas gerações, que tanto os mais velhos quanto os mais novos tenham a oportunidade de se expressar, tendo as suas características pessoais respeitadas e as suas expectativas acolhidas.

O ideal é que as decisões não sejam tomadas por meio do voto, e sim do consenso. O uso do consenso é a decisão de se construir um caminho em conjunto, é compartilhar os objetivos e sonhos, é trabalhar em times, considerando que os membros da família são parte da história da empresa familiar. Contudo, não se trata de levar para discussão e para o consenso todo e qualquer assunto, sob o risco de banalizar o processo de discussão.

Um dos grandes motivos de fracasso das empresas familiares é a falta de competência para construir um sonho em comum, um objetivo a ser compartilhado e alinhado aos interesses individuais. O risco do fracasso de um negócio familiar pode ser muito menos por conta do seu desempenho no mercado do que em função da fragilidade das relações familiares, da coesão e do compartilhamento de um único propósito.

Adriano Salvi
Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Governança Corporativa

Danielle Quintanilha Merhi
Psicanalista, especialista em empresas familiares, professora convidada da Fundação Dom Cabral e sócia da Vix Partners Governança Corporativa

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