Para obter um alto desempenho sustentável e, com isso, a almejada longevidade, a família empresária precisa dedicar seus esforços ao fortalecimento de cinco pilares. O primeiro é a coesão familiar, que trata da união da família em torno do propósito, valores e objetivos da organização familiar. O diálogo é o instrumento para alinhar expectativas e trabalhar os pontos de desconforto, visando o fortalecimento dos laços afetivos e a aposta efetiva no negócio.

No segundo pilar, a governança familiar, cuida-se da instituição de políticas e acordos, como o protocolo familiar, e estruturas, como o Conselho de Família, que promove discussões importantes dos interesses da família e que impactam nos negócios. A base das decisões é a justiça e a equitatividade, fatores essenciais para o comprometimento de todos os familiares com a empresa.

Familiares preparados e contributivos formam o terceiro pilar. Os familiares precisam ser competentes para atuar no negócio, seja diretamente na gestão, seja como acionistas. Ambos os casos demandam identificação com o negócio e competências técnicas e comportamentais para as responsabilidades a eles atribuídas. Coaching e programas de desenvolvimento de acionistas e herdeiros são indicados nesse caso.

Já o quarto pilar do alto desempenho sustentável é a governança corporativa, que tem como propósito estabelecer limites formais entre a gestão dos negócios e a família. Acordos de acionistas são instrumentos essenciais, pois estabelecem regras que alcançam as gerações atual e futuras. Esses acordos tratam da sucessão, da política de dividendos, das condições de entrada e saída de familiares da sociedade e outros aspectos essenciais. É importante também que a empresa possua fóruns específicos de governança, como um Conselho de Administração.

A capacitação dos executivos compreende o quinto pilar. Sejam os executivos familiares ou de mercado, é fundamental ter um time altamente competente, que atenda as demandas do negócio e que também seja alinhado com os propósitos e objetivos da família empresária.

Concluindo, o desafio está no esforço e na competência da família para lidar com todos os cinco pilares propostos acima, que constituem a base para o sucesso a longo prazo da empresa familiar.

Adriano Salvi
Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Governança Corporativa

Danielle Quintanilha Merhi
Psicanalista, especialista em empresas familiares, professora convidada da Fundação Dom Cabral e sócia da Vix Partners Governança Corporativa

 

NOTAS

Resultado melhor que companhias abertas
Nos últimos anos, as ações de empresas de controle familiar têm tido uma performance melhor do que as das demais companhias abertas. Isso é fruto da combinação entre o vínculo familiar com o negócio e um formato de gestão cada mais moderno, profissional e transparente.

 

Foco nos valores e na longevidade
Pesquisa realizada em 2016, pela PwC, apontou que, no Brasil, 32% das empresas familiares adotam uma abordagem de longo prazo para a tomada de decisão. No resto do mundo, são 53%. O acionista de uma empresa familiar precisa compreender que é um administrador do patrimônio das próximas gerações e que a força competitiva da sua empresa reside nos valores e propósitos da família e no foco na longevidade do negócio familiar.

 

Governança Corporativa

Se o crescimento é um imperativo de toda empresa, o financiamento ao crescimento é um desafio particular para negócios familiares, que costumam enfrentar dificuldades de acesso a grandes volumes de capital, além dos tradicionais empréstimos bancários. A solução é investir em governança corporativa, preparando-se para acessar os mercados de capitais.

 

Share